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Breve História

No ano de 1119 d.C.(1), Hugues de Payens (imagem abaixo), juntamente com seus cavaleiros - alguns deles haviam participado da primeira cruzada que terminou por conquistar Jerusalém - no Santo Sepulcro, diante do Patriarca de Jerusalém, fizeram votos externos de proteger os caminhos que permitiam os peregrinos chegar à Cidade Santa e à visitar os locais sagrados do cristianismo. Estes cavaleiros receberam do então rei de Jerusalém, Balduino II, um anexo do antigo Templo de Salomão, situado no Monte Moriá.

O Mestre fundador da Ordem: Hugues de Payens

O Mestre fundador da Ordem: Hugues de Payens

Segundo relata a Tradição, ainda sem comprovação histórica, nas ruínas do Templo foi encontrado, após algum tempo, o túnel secreto que levava aos tesouros da biblioteca oculta de Salomão, ressurgindo assim, os Sagrados Ideais de outrora, ocultados no interior de uma ordem monástica e militar com o nome inicial de Ordem dos Pobres Companheiros em Armas de Cristo e do Templo de Salomão (do original em latim: Ordo Pauperum Commilitonum Christi Templique Salomonis), que ficou conhecida mais tarde simplesmente como Ordem do Templo ou Ordem dos Templários.

Em 13 de janeiro 1129 d.C.(2), um Concílio realizado na cidade de  Troyes, França, aprovou a Ordem Templária, que deu à Ordem uma Regra e a seus cavaleiros professos uma vestimenta especial: um hábito branco.

A bula mais importante para a Ordem, da qual se desenrolaram todas as outras, é a que foi editada pelo papa Inocêncio II na época do segundo Mestre do Templo, Robert de Craon, datada de Latrão, 29 de março de 1139. Trata-se da bula Omne Datum Optimum. Por este documento, a Ordem foi oficialmente reconhecido, obteve o direito de ter seus próprios capelães e o papa o declarou sob proteção exclusiva da Santa Sé. Em 1145 o papa Eugênio III lhes concede oficialmente como distintivo a cruz vermelha, que com o tempo passou a ser usada do lado esquerdo do manto e também no peito.

A partir de sua aprovação pelo papa o templarismo viu fortalecida ainda mais sua disseminação por toda parte. A Ordem tornou-se proprietária de extensas terras, de vários castelos e fortalezas, a tal ponto que, já no fim do século XII, possuía em diversos países, bens suficientes para lhe proporcionar excelentes rendimentos e financiar as guerras no Oriente Médio, península Ibérica e em outras localidades.

Tornou-se administradora de tesouros reais e de outros nobres, bem como, árbitro em conflitos entre reinados. Nos fins do século XIII, o Templo já havia se tornado uma das organizações mais influentes de sua época. O número de templários, de acordo com documentos históricos, passava de 15.000 segundo alguns autores e de 30.000 de acordo com outros, espalhando-se por mais de 900 propriedades entre a Palestina, Antioquia, Trípoli, França, Espanha, Portugal, Sicília, Inglaterra, Escócia e Irlanda.

Como organização militar foi a mais importante, ao lado dos hospitalários, na árdua defesa da Terra Santa até a queda de Jerusalém frente aos muçulmanos, quando partiram para Acre, que caiu em 1291 num combate no qual foram feridos mortalmente o Marechal dos Hospitalários, Matheus de Clermont, e o então Mestre do Templo, Guillaume de Beaujeu. Aliás, nos dizeres de Jacques de Molay(3), o último Mestre na Idade Média, nenhuma Ordem derramou tanto sangue em defesa da fé e da Terra Santa quanto a Ordem do Templo.

Comendadoria templária de Paris na Idade Média

Comendadoria templária de Paris na Idade Média

A Ordem seguiu então para Chipre e, mais tarde, acabou por ter de recuar para a Europa, onde estabeleceu sua casa principal na cidade de Paris (onde foi a Bastilha, imagem acima). Também exerceu com maestria a defesa da fronteira contra os mouros em Portugal e Espanha durante muito tempo.

A partir desta situação privilegiada e não havendo mais presença templária contra os muçulmanos na Terra Santa, Felipe IV, o Belo, então rei de França, teve o desejo de lhes cercar o caminho e, ao mesmo tempo, apoderar-se de suas terras e propriedades. Após a perda da Terra Santa, muitos procuravam um sentido para a Ordem ainda existir.

Nesta época foi eleito um francês como papa, Clemente V, cuja eleição havia sido negociada por Felipe IV para a consecução de seus desígnios. Nesta época, a sede papal fora colocada em Avignon, hoje território francês. Após um bem elaborado plano, no amanhecer da sexta-feira, 13 de outubro de 1307, o então Mestre do Templo, Jacques de Molay, e todos os seus chefes adjuntos, são presos em nome da Inquisição. Submetidos a torturas terríveis, muitos sucumbiram e confessaram crimes não cometidos. Tradicionalmente, no dia 18 de março de 1314, Jacques de Molay, último dos Mestres da Ordem do Templo da Idade Média, repudia publicamente sua confissão e declara que fora feita sob tortura e Felipe IV, surpreso, o condena imediatamente à morte na fogueira (imagem abaixo), juntamente com o Comendador da Normandia, Geoffroy de Charnay. Esta passagem foi relatada em forma de romance por Maurice Druon na obra "Os Reis Malditos", colocando este evento como um marco importante que assinalou o começo do fim da dinastia dos Capetianos na França.

O martírio de Jacques de Molay nas fogueiras da Inquisição

O martírio de Jacques de Molay nas fogueiras da Inquisição

Todavia, reis de outros países, como Portugal e Espanha, sabedores da importância da Ordem e confiantes em sua inocência, colocaram sob sua guarda e proteção todos os templários que lá estavam e os que fugiram da ira de Felipe. Foram então criadas outras Ordens, dentre as quais as mais importantes foram a Ordem de Cristo em Portugal e a Ordem de Montesa na Espanha, além de outras, todas com os membros remanescentes da Ordem do Templo. Também surgiram grupos mais fechados que mantiveram a Tradição Arcana. Assim, a Sagrada Ordem não morreu e, embora sob outras denominações, continuou a influenciar em diversos países.

A Ordem de Cristo tornou-se uma das mais importantes organizações cavaleirescas no fim da Idade Média e, principalmente, no início da Idade Moderna, pois herdou, dentre outros, os segredos e técnicas de navegação dos templários, tornou-se uma das precursoras nas Grandes Navegações e foi condutora de grande parte das missões em nome da Coroa Portuguesa. A Ordem orientou o capitão-mor, Pedro Álvares Cabral, descobridor formal do Brasil, sobre os segredos da navegação. Mais tarde, ambas Ordens foram incorporadas às coroas de Portugal e de Espanha e, hoje, são apenas honoríficas.

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O que acaba de ser exposto de maneira bastante resumida, poderia ser encontrado em qualquer bom livro sobre os templários. Mas será esta a única face da história?

É possível crer que um exército disciplinado e treinado, com milhares de homens, com influência em todas as áreas e possuidores de significativo patrimônio, possuísse certamente amigos e informantes?

Seus verdadeiros tesouros, isto é, seus conhecimentos, foram resguardados de mãos profanas que pudessem usurpá-los; os arquivos e pergaminhos valiosos foram colocados a salvo.

Quanto aos detentores dos Arcanos, retiraram-se silenciosamente sem deixar vestígios, porém, mantiveram secretamente a Hierarquia da Ordem que chegou até os dias atuais através de organizações internas.

Portanto, a hierarquia externa da Ordem do Templo da Idade Média, isto é, seu lado católico e militar, morreu nas fogueiras da Inquisição juntamente com Jacques de Molay, ou mais tarde nas Ordens que dela se formaram.

Já a Hierarquia Tradicional Iniciática, sob uma visão místico-espiritual universalista, chegou até os dias atuais e seu legado é transmitido àqueles que forem julgados dignos de conhecerem a Cavalaria Espiritual e seus ensinamentos, através da Ordem Sagrada do Templo e do Graal, a fim de atingir a plena felicidade e a Iluminação.

 

Notas:
(1) O ano correto do início da Ordem na Idade Média foi 1119 d.C., apesar de algumas fontes citarem 1118 e outras 1120. A primeira (1118) provém de um escrito de Jacques de Vitry, bispo de Acre à época, todavia baseado no antigo calendário Juliano, que deixou de ser utilizado há alguns séculos. A segunda (1120) é equivocadamente utilizada pelo conhecido fato de terem-se transcorridos 9 anos entre o início da Ordem e a homologação de sua Sagrada Regra, o que ocorreu em janeiro de 1129 (vide próxima nota). Todavia, a Ordem foi criada no início de novembro de 1119, ou seja, 9 anos e 2 meses antes, o que fundamenta melhor o ano de 1119.
(2) Na Regra latina lê-se 1128, no entanto, nesta época, utilizava-se mudar a contagem do ano no mês de março e não em janeiro. Como o dia do Concílio é referenciado na Regra Latina como o da festa de Santo Hilário, portanto o dia 13 de janeiro, de acordo com a mudança de ano utilizada correntemente, já era então o ano de 1129.
(3) Em português, Jacques é traduzido como Tiago, e assim o último Mestre da Ordem na Idade Média é muitas vezes referenciado em português pelo nome de Tiago de Molay. A OSTG prefere, tanto quanto possível, manter nomes de pessoas em suas línguas originais.